Relacionamentos: O limite entre o saudável e o abusivo

relacionamento-abusivo

Manipulação, ciúmes, possessividade, sentimento de culpa, mentiras, desconforto, agressões físicas e psicológicas. Esses são só alguns, dentre milhões, de sinais de um relacionamento autodestrutivo, aquele conhecido por muitos, como o abuso na relação. Porém, o principal impasse se encontra na tentativa de reconhecer que você está em um relacionamento que o mata aos poucos. Por que será que é tão difícil?

Os capítulos da 17ª edição do famoso reality show Big Brother Brasil só mostram o quão complicado é se identificar em um relacionamento abusivo. A insegurança presente no participante Marcos Harter sinaliza o começo de um namoro conturbado. O rapaz, em muitas situações vistas pelos telespectadores, se utilizava do controle, da manipulação e excessivas acusações para tentar reverter a falta de confiança em relação à jogadora Emilly Araújo. Por que está usando este exemplo? tenta trazer ele para alguma situação atual, nem que seja o processo judicial.

O relacionamento abusivo é um tipo de violência que começa de uma maneira tão silenciosa que, infelizmente, em muitas situações torna-se impossível de se auto identificar nele. Acaba sendo algo aparentemente “normal”, o que é mais deprimente ainda. Segundo a ONG Artemis, organização destinada à implantação de políticas públicas voltadas à melhoria de vida das mulheres, cerca de 3 em cada 5 mulheres brasileiras sofrem de violência em um relacionamento afetivo, o que corresponde a 60%. E vai mais além: 57% dos casos de violência doméstica iniciam após o término de um relacionamento.

Assim como a corrupção, a educação e o racismo, a violência nos relacionamentos e, especialmente contra as mulheres, está enraizada na cultura do nosso país. Isso decorre, principalmente, do machismo que continua se sustentando por décadas. Relacionamentos abusivos são frutos do próprio pensamento machista, na tentativa de um anular o outro, esquecendo assim a essência do verdadeiro valor de uma relação à dois.

Conforta saber que hoje as redes sociais também são usadas como uma forma de unificação na luta não só pela igualdade de gênero, como também nas mais diversas denúncias de violências, além de servir como rede de apoio às vítimas. Após o caso polêmico do BBB deste ano, as mulheres se mobilizaram e criaram a hashtag #EuViviUmRelacionamentoAbusivo que passou a viralizar em toda a web. Os relatos de abusos e agressões (tanto físicas quanto psicológicas) se intensificaram em questão de minutos, o que deixou para trás todo aquele receio de desabafar com alguém.

Hoje é possível desabafar com o mundo, mostrar que ainda existe sensibilidade, amor ao próximo e humanidade uns com os outros. Mostrar que é possível sim sair de um relacionamento que te suga para um poço de tristeza, mostrar que nunca é tarde para tentar ser feliz consigo mesma e especialmente: praticar o amor próprio.