Soltar Pipas: brincadeira ou perigo?
- Edinalva dos Santos Monteiro
- 4 de set. de 2017
- 3 min de leitura
O surgimento das pipas no mundo foi extremamente importante, principalmente para alguns personagens da nossa história. Um exemplo clássico ocorreu em 1752 em uma experiência de Benjamim Franklin onde este demonstrou definitivamente a importância das pipas na história da Ciência. Prendendo uma chave ao fio de uma pipa, ele a empinou num dia de tempestade. A eletricidade das nuvens foi captada pela chave e pelo fio molhado, descobrindo-se assim o pararraio; outro exemplo ocorreu em 12 de dezembro de 1921, quando o físico Guglielmo Marconi utilizou pipas para fazer experiências com a transmissão de rádio, teste que, mais tarde, seria utilizado por Graham Bell em seu mais notório invento: o telefone. E também Foi graças ao conhecimento das pipas que o grande Santos Dumont conseguiu voar no famoso 14 Bis que, no final das contas, não deixava de ser uma sofisticada pipa com motor. Assim pode se dizer que as pipas trouxeram benefícios para a sociedade e sua história.
Hoje quando se fala em pipas, surge dois termos: a brincadeira e o perigo. Com a aproximação do período de férias escolares e a chegada do verão, a brincadeira de pipas se torna uma das principais diversões entre crianças, jovens e até mesmo adultos. Mas essa atividade também ocasiona inúmeros prejuízos e se torna um perigo para a sociedade.
Em várias partes do Brasil no mês de julho surgem milhares de ocorrências sobre falta de energia, é porque quando as pipas entram em contato com a fiação elétrica e ficam enroscadas, acabam provocando curto-circuito. Outro problema bem comum é que estas linhas provocam mais de 100 acidentes por ano, que resultam em muitas mortes, segundo a Associação Brasileira de Motocicletas. Mas, não é só esses perigos que as pipas trazem atualmente para as pessoas, outro é quando se fala no cerol (mistura de cola com vidro moído, em alguns casos até com pó de ferro). Este é um produto ilegal utilizado nas disputas entre as pipas, este produto faz dar maior força de corte à linha (cordel) e também ao rabo (ou rabada) da pipa. O cerol também põe em risco a vida de animais e de aves como urubus, corujas, pombos e passarinhos. Quando são feridas pelo cerol, dificilmente conseguem sobreviver.
O problema não se chama “pipa” e sim “cerol”, porque este não só afeta a estrutura de uma cidade, mas também a estrutura de uma família que perde alguém pelo uso indevido desse material cortante.
As fiscalizações deveriam ser mais intensas, pois já existe lei que proíbe a comercialização, importação, uso e fabricação dessas linhas cortantes. Se essas providências de fato fossem feitas, não haveria tantos transtornos em relação à falta de energia, a acidentes e morte no trânsito (quando crianças acabam provocando um acidente ao cortarem pipas e correrem atrás delas na rua) ou quando motoqueiros e ciclistas caem ao desviar das linhas com medo de serem cortados. E também muitas mães e pais não sofreriam por perderem seus filhos ou até mesmo ao contrário, perder porque uma linha com cerol os levou a morte.
Mas, sabemos que a educação é uma forma de conscientizar essas pessoas informando-as sobre os perigos do uso do cerol na linha da pipa, e os cuidados que os praticantes deveriam ter com o trânsito. Essa educação precisa começar em casa com os pais e depois ser intensificada com a as orientações da escola. Se todos trabalhassem em conjunto, família, escola e órgãos públicos com certeza os índices de problemas relacionados às pipas com cerol diminuiriam e muitas pessoas não perderiam a vida. A pipa é uma brincadeira divertida e saldável que envolve prazer e também competição, mas que precisa ter conscientização e reponsabilidade daqueles que a utilizam de forma incorreta.
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