top of page

Automedicação é uma prática comum entre os jovens brasileiros

  • Jésseca Rabelo e Lidiane Alves
  • 20 de jan. de 2015
  • 3 min de leitura

Consumo de remédios na faixa etária de 16 a 24 anos chega a 90,1%, segundo levantamento nacional


A automedicação provoca intoxicação e dependência, além de estar associada à hipocondria

A automedicação provoca intoxicação e dependência, além de estar associada à hipocondria

Crédito: Marta Bezerra

Na busca pelo alívio imediato de dores e incômodos, várias pessoas recorrem à automedicação. A professora Lindisay Moreira, 29 anos, conta que durante sua infância e adolescência tinha infecções recorrentes na garganta. Na farmácia, o farmacêutico indicava antiinflamatório associado a um antibiótico. Quando o quadro de infecção se reinstalava, a professora, de pronto, se automedicava com os mesmos remédios.

Aos 16 anos, Lindisay desenvolveu como conseqüência da automedicação o Edema de Quincke, que é uma desordem na hipoderme, uma camada localizada abaixo da pele. A doença se caracteriza por um inchaço que afeta principalmente os tecidos moles, como lábios, pálpebras, língua e laringe. O edema está associado à alergia alimentar, medicamentosa e aos venenos de alguns insetos (abelhas, zangões, vespas, entre outros). Em sua forma mais grave, pode afetar a laringe e causar asfixia, necessitando de tratamento.

Os riscos da automedicação vão desde danos a órgãos so corpo, dependência, intoxicação e até a morte, de acordo com a farmacêutica Luciane Picanço. “Todo medicamento é uma droga, no sentido de que em sua formulação existem princípios ativos que podem curar ou matar”, explica.

Diante de quaisquer sintomas causados por doenças comuns como viroses, muitas pessoas optam pela automedicação. A principal conseqüência do consumo de remédios sem prescrição médica é o aparecimento de alergias.

A professora Lindisay lembra da reação alérgica depois de consumir medicamento à base de acetilsalicílico (AS), substância presente na maioria dos remédios. “O médico me disse pra evitar medicamentos que continham acetilsalicílico. Mas fui observando que toda vez que ingeria alimentos mais salgados, a alergia aparecia”, conta.

De acordo com uma pesquisa realizada em 2014 pelo Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação do Mercado Farmacêutico (ICTQ), casos parecidos com o de Lindisay Moreira são muito comuns. A pesquisa mostra que os jovens com idades de 16 a 24 anos são os que mais se automedicam - 90,1% são consumidores de remédios sem a prescrição médica.

Ainda segundo a pesquisa, 76,4% da população brasileira utiliza remédios seguindo a indicação de vizinhos, colegas, amigos e familiares, que ainda orientam a quantidade de medicamentos a ser ingerido. “É comum conhecer alguém que sabe tudo a respeito de doenças e medicamentos, que está sempre atualizada sobre novos exames e se sente preparada para ‘distribuir’ diagnósticos”, explica o psicólogo Fernando Santos Júnior.


76,4% dos brasileiros utilizam remédios sem prescrição médica, segundo pesquisa do ICTQ

Crédito: Marta Bezerra

O especialista alerta que a automedicação pode estar associada à Hipocondria. Nesses casos, a pessoa se identifica com sintomas descritos por outras pessoas, percebem sinais que não existem e passam a considerar que estão doentes.

O promotor de eventos Renan Távora, 25 anos, conta que desde criança possui alto grau de miopia, problema que provoca fortes dores de cabeça. Na busca pelo alívio imediato, ele tomava remédios receitados pela mãe desde os sete anos de idade. “Eram, em média, 3 ou 4 comprimidos por dia, numa escala de 5 a 6 dias por semana, ou seja, quase todo dia tomava essa quantidade grande de remédios”, confessa Renan.

Por volta de 13 anos, Renan Távora começou a passar mal quando se automedicava. “Quando eu tomava remédio ou eu inchava ou desmaiava. Hoje em dia, tem muitos remédios que não posso tomar; até os mais comuns, como a vitamina C, me fazem mal”, relata Renan.

Ele também desenvolveu alergia a medicamentos a base de dipirona e diclofenaco. A farmacêutica Luciane Picanço alerta para as chamadas interações medicamentosas. Quando o paciente usa várias medicações ao mesmo tempo, algumas delas interagem aumentando ou diminuindo o efeito uma da outra. Isso pode ser tóxico ao organismo ou não produzir o efeito esperado, comenta.


Além disso, a automedicação pode causar uma intoxicação. Nesse caso, segunda a farmacêutica, a indicação é procurar ajuda médica o mais rápido possível.

“No caso de intoxicação, o protocolo básico é ir imediatamente ao médico. No hospital, têm-se toda a assistência e procedimento para este tipo de situação”, diz a farmacêutica.


 
 
 

Comentários


bottom of page