Música Popular e a identidade cultural do Amapá
- Fabiana Figueiredo
- 20 de jan. de 2015
- 3 min de leitura
A música é uma das marcas da cultura de diferentes grupos populacionais. Mas será que sabemos valorizar a nossa identidade cultural?

Apresentação de Marabaixo, manifestação cultural típica do Amapá
Crédito: Max Gabriel
A Música Popular Amapaense (MPA) surgiu quando a capital também nascia, no século XVIII. Dos sons mais antigos - como o Marabaixo - aos mais ecléticos, como a Zunkerada, os preconceitos e a desvalorização ainda continuam sendo os mesmos obstáculos para os profissionais da música.
Os ladrões do Marabaixo e a própria dança sugiram com os negros - que saíram da orla da cidade, retirados pelo governante na década de 40. Por ser construída no tempo, a dança se adequou à contemporaneidade, o que desperta o interesse de diversas gerações.
O Marabaixo já não é mais dançado nas senzalas. Ele foi levado para as ruas, praças e também se manifesta nas casas dos pioneiros. As influências são inevitáveis e há quem defenda e quem condene essas pluralidades dentro da manifestação africana no Amapá.
O nosso estado é uma região de fronteira, e acaba recebendo influências do caribe e do Platô das Guianas. Um exemplo de mistura musical é a “Zankerada”. Criada pelo cantor amapaense Finéias Nelluty, ela mistura ritmos dos sons paraense, guyanense e caribenho, conquistando públicos pela região norte do país.
O artista diz que Zunkerada surgiu a partir da proximidade geográfica com o Caribe e o Platô das Guianas, por meio do Zouk e do Cacicó, e com o Pará, com o Carimbó.
A famosa Bicha do Brega, como Finéias ficou conhecido no estado, inovou e abusou com um novo ritmo dentro da MPA, agradando os ouvidos de uns e desagradando os de outros. A música produzida pelo artista pode ser admirada porque é ousada.
Alguns artistas que possuem mais de 20 anos de carreira no cenário musical amapaense chegaram a se reunir em grupos para mostrar o trabalho e buscar a valorização da área, como é o caso do Movimento Costa Norte.
Um dos fundadores é o Osmar Júnior, juntamente com Zé Miguel, Val Milhomen e Amadeu Cavalcante. Além de cantar e tocar, esses profissionais partiram para a pesquisa da música na Amazônia brasileira. Dessa forma, esses artistas conseguiram ajudar a criar uma identidade da música popular na região, principalmente no Amapá.
Em 2014, novos grupos musicais e cantores investiram no estilo alternativo e se destacaram no estado, e até fora dele. Como é o caso da banda Nume e do cantor João Amorim.
Apresentando novidades no cenário do folk, a Nume garantiu sucesso com o hit “Casa Nova” através da internet, assim como outros sucessos da banda, que já tem até fã clube em Belém, BH e em outras cidades. O grupo reúne músicos multi-instrumentistas que já atuavam no cenário cultural amapaense, mas conseguiram sucesso juntos. A proposta conquistou os meus ouvidos e hoje sou fã assumida deles.
João Amorim é macapaense, tecladista, baterista, violonista, cantor, compositor, professor e produtor musical. Todas as formações foram conquistadas durante a carreira de 15 anos. Amorim apresenta músicas sobre amor, respeito e paz. O cantor já ganhou festivais e garantiu a gravação do CD solo “Nômade”.
Nosso estado tem tantas riquezas, muitas foram reinventadas e precisamos nos despertar para a música produzida na região, esta que também deve procurar uma identidade própria.
Após tantos anos, o Amapá precisa cuidar mais das suas riquezas musicais como algo “de casa”. O cenário da música amapaense ainda precisa de investimentos e profissionalização. Isso deve ser tema de debates nas políticas públicas de cultura.
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