Pré-natal reduz contaminação por HIV durante gestação
Transmissão do HIV de mãe para filho cresce no estado por falta de acompanhamento adequado durante a gravidez
Foto: Mônica Ribeiro
O Amapá está em 9º lugar no ranking nacional dos estados com as maiores taxas de gestantes infectadas com o vírus HIV
Não é só nutriente e amor que uma mãe pode passar para o seu filho durante a gestação. As doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis e o HIV, podem ser transferidas para o bebê durante a gestação, a chamada transmissão vertical.
No Amapá, foram registrados 35 casos de gestante soropositivas só no ano de 2014. Este ano, já foram registrados sete casos de gestantes com o HIV.
Na transmissão vertical, a infecção pelo vírus HIV é passada da mãe para o filho, durante o período da gestação, parto ou pelo aleitamento materno. As chances dessa criança não contrair o vírus é grande, mas para isso a mãe deve fazer o pré-natal corretamente.
Ao nascer, o bebê deve ser acompanhado pelo pediatra até os 18 meses e passa a fazer a profilaxia. O procedimento inclui o uso do xarope de AZTpelo recém-nascido. O medicamento antivirótico com ação sobre alguns retrovírus, como o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).
Segundo a coordenadora do Centro de Testagem em DST/AIDs, Adriana Coimbra, é fundamental que a mãe faça o pré-natal corretamente para saber se é portadora do vírus ou não. “Caso o exame de sangue seja positivo, inicia-se o que chamamos de profilaxia, ela começa a tomar o antirretroviral e se prolonga até o parto.”, explica a coordenadora.
Não há chances de essa mãe ter o bebê de parto normal, pois o risco de contaminação é maior, já que o recém-nascido vai ter o contato direto com o sangue por causa da placenta. “Normalmente o parto vai ser cesariano, porque diminui o acesso da criança com os líquidos da mãe”, disse a coordenadora Adriana Coimbra.
Assim que nasce o bebê começa a profilaxia simples, toma o xarope de AZT durante 28 dias e até os 18 meses de vida são acompanhados por um pediatra. Esse acompanhamento é feito até 1 ano e 6 meses, porque a criança até essa idade ainda tem os anticorpos da mãe em seu organismo. Após esse período, um novo exame é feito para saber se o bebê não está contaminado. Segundo a coordenadora, “99% das crianças que são acompanhadas desde a gestação ate os 18 meses, não contraem o vírus”.
Importância do pré-natal
Mas para que essas precauções sejam bem sucedidas, a gestante tem que seguir o pré-natal e as orientações do médico corretamente. Assim, a possibilidade da criança nascer sem o vírus do HIV é grande.
O Amapá está em 9º lugar no ranking nacional entre as Unidades da Federação com as maiores taxas de gestantes infectadas com o vírus HIV. O índice do estado é de 2,3 casos para cada mil nascidos vivos. A primeira colocada é Rio Grande do Sul com a taxa de 9.3 para cada mil nascidos vivos.
A Ginecologista e Obstetra da Maternidade Mãe Luzia, Nice Carvalho da Silva, reforça a importância do pré-natal durante a gestação.
“O pré-natal é importante para tudo, o ideal era que a mulher começe a partir de oito semanas, dois meses de gestação, porque se a gente descobrir uma paciente com HIV, começamos o tratamento da 14ª semana e vai até o parto. Já tivemos casos aqui na maternidade de crianças que nasceram sem o vírus.”
As gestantes que são acompanhadas pelo Centro de Testagem, recebem leite para alimentar os filhos. Os especialistas também orientam para que as mães evitem a amamentação por outra mulher, porque os riscos de contaminação são altos.
Prevenção
A coordenadora do Centro de Testagem em DST/AIDs, Adriana Coimbra, ressalta que além das gestantes, o parceiro também tem que fazer o exame de HIV.
“Há situações em que a mulher faz o exame de HIV e seu parceiro não. Acontece que no intervalo do ultimo exame dela até a gestação, o parceiro passa o vírus para a esposa. E, às vezes, não conseguimos descobrir em tempo e a criança acaba nascendo contaminado pelo vírus”, explica. O exame é feito gratuitamente no Centro de Testagem, que fica localizado na Rua Jovino Dinoá, número 2004, no Centro de Macapá. O resultado sai em até uma hora.