A VIDA DE JORNALISTAS NÃO LIGADOS A GRANDES EMPRESAS DE COMUNICAÇÃO NA BATALHA EM BUSCA DE ENTREVIST
O curso de Jornalismo, pelo menos nas universidades e faculdades do norte do Brasil, forma bacharéis em jornalismo. Isto é, é um curso de essência prática formando profissionais para a atuação no mercado de trabalho e não para as salas de aula, apesar de que muitos bacharéis em jornalismo, após o mestrado e o doutorado passam a lecionar no ensino superior. Portanto, desde o princípio da graduação os alunos já produzem pautas e vão para as ruas fazer os mais diversos tipos de matérias imagináveis.
A partir desse momento, os futuros jornalistas começam a se deparar com os obstáculos da profissão.
Talvez muitas negativas de entrevista e de registro de imagens venham do reflexo quase que automático que as instituições públicas e privadas tem para se proteger da exposição e de pontos negativos que um olhar jornalístico pode encontrar naquele local. Neste caso, a negativa deveria ser para todos ou para os veículos de comunicação com maior audiência, não?!
Entretanto, me causa certeza estranheza quando a negativa parte de instituições para alunos do curso de jornalismo e para veículos de comunicação de menor alcance. É de conhecimento de todos, pelo menos deveria ser, que o papel da assessoria de comunicação de um departamento, seja ele público ou privado, é otimizar o processo de comunicação com a sociedade em geral, muitas vezes através do trabalho do jornalista.
Para fundamentar esta essa afirmação, cito a Lei de Acesso à Informação (LAI) de n° 12.527 publicada em 2011, a qual regulamenta o direito constitucional de qualquer cidadão às informações públicas e de qualquer instituição que receba ajuda financeira proveniente de governos federal, estadual ou municipal. A norma está em vigor desde maio de 2012, mas parece que não é aplicada em todos os locais, nem para todas as pessoas.
Na expectativa de poder mostrar a realidade de quem mora em abrigos, não necessariamente uma realidade com viés negativo, aceitei, juntamente com outros colegas, fazer visitar aos abrigos de Macapá em Santana. Primeiramente, nos foram solicitados ofícios nos quais colocamos nosso contato e ficamos a espera de um retorno. Este retorno demorou quase duas semanas para chegar. Isso aconteceria com uma grande empresa de jornalismo? Não.
Após o retorno, começou a saga para tentar marcar uma ida aos locais, mas nunca ninguém tem disponibilidade para atender esses estudantes do curso de Jornalismo. Essas situações complicam de demais o aprendizado, pois limitam os alunos a temas mais fáceis na tentativa de cumprir os prazos acadêmicos de entrega de atividades.
No geral a atuação jornalística, ao meu ver principalmente no estado do Amapá, é dificultada porque normas básicas de acesso a informação não são cumpridas, em relação aos grandes veículos de comunicação sim, mas com mais frequência em relação a principiantes e repórteres de meios com menos status. Deveria existir um pacto de facilitação desses trabalhos ou, pelo meno, um acordo de cumprimento das regras já vigentes.
No mais, vamos seguindo na luta árdua que é ser estudante de jornalismo em um estado em que todos vivem com medo e na base da ameaças, ocultando da população informações básicas e de teor importantíssimo. Continuemos então em um estado em que não existe Jornalismo Investigativo e que engolimos qualquer informação que nos dão, sem questionar e correr atrás da verdade. Até quando? Só as próximas gerações dirão até quando.