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Saúde Pública: uma tragédia diária

  • Jéssica Santos
  • 28 de ago. de 2017
  • 3 min de leitura

É interessante pensar a saúde pública no Brasil como sendo tecnicamente um sistema que deveria funcionar perfeitamente, pelo menos é o que diz o Sistema Único de Saúde (SUS). Este, deveria oferecer desde os serviços mais básicos até os mais complexos à população brasileira com a qualidade de países de primeiro mundo. No entanto, o retrato dos hospitais mostra que o poder público não demonstra, em momento algum, nenhuma eficiência em oferecer tratamento médico gratuito em quase 100% das cidades brasileiras.


Uma demonstração clara do descaso e falta de empatia dos governantes para com a população no que diz respeito a saúde são os hospitais públicos do Amapá, um Estado que apesar de pequeno enfrenta graves e, em alguns casos, irreversíveis problemas atrelados a saúde, principalmente a parte que cabe ao governo estatual.


Não, não esqueçamos da obra do Hospital Metropolitano que há 17 anos se arrasta sem nenhum posicionamento concreto dos gestores estaduais e municipais que volta e meia declaram não possuir condições de concluir a obra por supostamente não haver dinheiro nos cofres públicos.


Não esqueçamos do bebê que teve o corpo incinerado junto ao lixo hospitalar da única maternidade pública do Estado. A criança de apenas um mês e três dias de vida estava internada na Maternidade Mãe Luzia e morreu no dia 6 de agosto de 2015. O episódio foi tratado pela Secretaria Estadual de Saúde com completo descaso, já que a maternidade não comunicou aos pais sobre o sumiço e muito menos sobre o corpo ter sido queimado por engano junto aos resíduos hospitalares, deixando que estes descobrissem apenas quando chegaram a unidade para levar o corpo ao local onde seria realizado o velório.

Passados quase dois anos do ocorrido, a mesma maternidade continua atendendo a demanda de todo o Estado e de localidades vizinhas sem nenhuma perspectiva de mudanças estruturais.


Não esqueçamos também dos pacientes com câncer que não possuem um único centro de referência para receber tratamento adequado e são obrigados a depender de um mísero auxílio para que busquem uma chance de viver em cidades onde a qualidade do tratamento é um pouco melhor.


É interessante pensar que o povo amapaense continua sofrendo males terríveis enquanto seus governantes tratam o poder Executivo como uma roda, que, de quatro em quatro anos, mata inúmeras pessoas direta e indiretamente com promessas vazias.


Infelizmente, a saúde há muito não é prioridade para os governantes brasileiros e isso não é uma “qualidade” apenas do governo do Amapá. Basta pensarmos que o país recebeu a menos de um ano um dos eventos esportivos mais importantes do mundo, os Jogos Olímpicos. Ao contrário do que muita gente imagina, o Estado do Rio de Janeiro enfrenta há meses um colapso terrível em quase todos os setores do serviço público estadual o que claro, inclui a saúde pública.


Já no Amapá, há apenas dois anos era decretado estado de emergência para a saúde pública, onde foi assinado um decreto para, supostamente, reduzir as filas para atendimentos, marcações de consultas e cirurgias nos hospitais públicos. Ao lembrar deste fato e da situação diária dos hospitais, podemos pensar na famigerada frase “Seria cômico se não fosse trágico”, já que analisando matérias da época poderíamos ter a convicção de que o poder Executivo iria finalmente tomar uma atitude para amenizar a dor de pessoas que sofrem todos os dias com descaso em todos os setores da sociedade.


A situação se torna ainda mais séria se lembrarmos que cerca de 450 mil pessoas perderam seus planos de saúde em decorrência do desemprego e da crise econômica, inchando ainda mais os hospitais públicos. Tais fatores denotam uma série de problemas que evidenciam a cada dia que a saúde do brasileiro vai de mal a pior; a Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, aponta uma perda de 20% a 40% de verbas destinadas a saúde em virtude de desvio, desperdício e ineficiência de todos os gêneros no setor de saúde pública.


Estes são apenas alguns dos inúmeros problemas enfrentados diariamente na saúde brasileira que poderiam ser listados em páginas e mais páginas de texto como apenas mais um registro de reclamação, mas mesmo sem muita esperança, talvez um dia nós possamos acreditar em um cenário de mudança e de saúde de qualidade para todos.

Talvez um dia.


 
 
 

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