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A crise do capitalismo na era da tecnologia.

  • Nathanael Angelo Zahlouth
  • 4 de set. de 2017
  • 5 min de leitura

Nos últimos anos o mundo foi assombrado por uma grande crise no sistema capitalista, a mídia noticiou que talvez seja a pior crise de toda a história desse sistema. Inicialmente irei abordar as origens desse sistema que gira em torno do modelo de mercado e relação social implantado na maioria dos países do mundo. Posteriormente, analisaremos quais as divergências e convergências em um sistema sustentado há anos e que apresenta sinais obsoletos.


É necessário identificar que o sistema capitalista não foi o único sistema hegemônico na história da humanidade. Nos primórdio da organização humana havia o que os historiadores chamam de comunismo primitivo, homens e mulheres tinham funções na sociedade e cada um cuidava do seu modo de sobrevivência, sem exploração do trabalho do outro. Com o passar dos anos começaram a substituir o modo de vida e alguns grupos iniciaram um processo de exploração de outros homens com o objetivo de acumular riquezas.


O modo de organização social foi marcado por características exploratórias, quando um homem explorava o trabalho do outro, diferente do comunismo primitivo, passa a ter a consciência de acumulação de bens. Provavelmente houve outros modos de organização social entre o inicio marcado pelo comunismo primitivo e a idade média, mas destaco aqui a importância do feudalismo, os senhores de terras, chamados senhores feudais exploravam o trabalho do camponês, neste período o mercado era abastecido por um sistema de troca onde mercadorias eram trocadas e cada uma tinha o seu valor, característica primitiva o que se tornaria mais tarde o sistema capitalista.


Após a revolução francesa, também chamada de revolução burguesa, e o desenvolvimento da indústria, o capitalismo começa a tomar formas mais evidentes, acontece que durante a revolução os chamados burgueses, que eram as pessoas que detinham o maior poder de troca no mercado, portanto tinham poder, convenceram os camponeses os chamando para construir uma sociedade fraterna, igualitária e justa. Com esse lema todos foram em busca da prometida sociedade, os camponeses só não sabiam que não era bem assim.


Após a implantação desse sistema os homens continuaram sendo explorados por outros homens, essa Era é marcada pelo escravismo, negros eram trazidos da África para trabalharem forçado para os burgueses em troca de nada. A justificativa era eles não pertenciam à sociedade por que “negro não é gente”.

Estou aqui traçando uma linha histórica muito breve sobre o surgimento do capitalismo, entretanto é necessário frisar que no decorrer da história surgiram outros modos de organização social como o próprio sistema Comunista e Socialista. Mais moderno e idealizado por Karl Marx e Frederich Engels é implantado em alguns países como Cuba, União da República Socialista Soviética, Coreia do Norte, China entre outros.


Ocorre que o sistema capitalista é traçado e fundamentado pela exploração da classe dominante para a classe dominada e travou uma guerra contra qualquer outro modo de organização social, principalmente o comunismo que foi motivo de várias guerras pelo mundo, concretamente o comunismo foi tratado pelo capitalismo como um sistema opressor que não servia para a humanidade, os líderes desses países foram acusados de ditadura e sofreram a opressão do sistema capitalista, representado, principalmente, pelos Estados Unidos que convoca a humanidade para derrotar o comunismo, exemplo disso é o embargo que o EUA faz a Cuba que dura décadas, recentemente tinha sido revogado por Barack Obama mas o atual presidente norte americano Donald Trump fez questão de manter.


Marx, na sua obra “O Capital” e no “Manifesto do Partido Comunista”, criou um termo chamado “mais valia”, segundo ele, é quando o patrão explora o proletário, ou seja, o trabalho do proletário é destinado a enriquecer o patrão. Marx explicou esse processo de mais-valia dando um exemplo prático, em síntese o trabalhador passa de 8 a 10 horas no serviço sendo que 1 hora pagaria toda a sua despesa e necessidades as outras 7 ou 9 horas são destinadas a render lucro para o patrão.


É em cima dessa mais valia que o mercado capitalista funciona, observe que a exploração do trabalho está na origem do sistema e é a base de funcionamento do mesmo. O mercado financeiro, embora tenha modificado a forma, criando um sistema monetário (moeda), estabelecendo um mercado de royalties (moeda virtual) e ainda estabelecendo novos parâmetros, a base para obtenção de lucros continua sendo a exploração da classe menos favorecida.


A relação do sistema capitalista com a humanidade é curiosa, um dos teóricos desse sistema liberal, onde o Estado não tem intervenção direta na Economia é Adam Smith, a partir desse sistema capitalista liberal o homem começa a vislumbrar possibilidades, talvez um dos motivos para que o capitalismo perdure durante muito tempo.


Observe que mesmo sendo explorado o trabalhador sempre tem esperança de mudar de vida, pois naturalmente, tanto pela sociedade, quanto pelos meios de comunicação é dito diariamente isso para ele, criando um sistema meritocrático, um dos lemas do capitalismo; ou seja, basta você ter força de vontade que poderá mudar sua vida, estudando, se aprimorando e participando do sistema econômico como classe dominante, através do merecimento. Entretanto, os dados não representam essa realidade, pois as oportunidades não são para todos, em um sistema que a base sempre será exploratória.


Nos últimos anos o sistema capitalista tem apresentado uma enorme crise. Um dos fatores está na base de construção do sistema monetário, um exemplo é o mercado de imóveis. O preço do imóvel é sempre valorizado pelo mercado (patrimônio é símbolo de acúmulo de capital, ou seja, poder) de acordo com o contexto, e não só apenas pelo fator de custo, o lucro passa a ser embasado em uma lógica especulativa.


Essa lógica especulativa se tornou frágil nos últimos tempos, devido a uma crise nesse sistema. Observe que acima dei exemplo dos imóveis, mas basicamente o sistema voraz de exploração, chamada capitalismo, é construído nessa lógica especulativa.


Portanto, o sistema que explora homens para obter lucro, sustenta o sistema financeiro produzido para alguns, para elite. A classe trabalhadora pode até ascender sua condição dependo do contexto, e isso pode alimentar a esperança; o que em conjunto com a criação da moral, ética e a imposição do sistema social estabelece que o capitalismo perdure, mas também é o mesmo sistema que segue uma lógica especulativa e mantém milhões de pessoas em condições sub-humanas e ainda os explora.


Após a crise financeira no sistema, dissidiaram duas teorias diferentes: uma que defende a crise como a decadência do sistema capitalista e outra que coloca o sistema com uma capacidade de se multar. Segundo esta teoria as crises são inerentes e cíclicas, o que justifica uma crise parecida com a de 1929 do sistema capitalista.


Em 29, a crise do sistema foi basicamente pelo mesmo motivo das atuais, onde tinha muita oferta de um produto e a procura não caminhou em conjunto. É mais uma das leis do capitalismo: a oferta e a procura; o que gera a inflação, mais um dado virtual do capitalismo, que podemos sentir todos os dias indo ao supermercado e verificando a variação de preço das mercadorias.


Uma característica da contemporaneidade é o uso das tecnologias como forma de comunicação. Isso provocou nesse período de crise uma forma de interação e possível discussão da humanidade sobre a forma que se organiza a sociedade. Até então, a comunicação do mundo estava nas mãos também da elite, pois os meios se restringiam a emissoras de rádio e tv.


Com a popularização da internet esse cenário pode estar em transformação, não quero afirmar que isso esteja em pleno funcionamento, pois a internet ainda é um meio secundário de comunicação no mundo, longe da amplitude das emissoras de tv e rádio. Mas está em ascensão - e o futuro é incerto -, e pode ser uma ferramenta transformadora, exemplos já foram vistos recentemente como em junho de 2013 que o Brasil parou por manifestações organizadas na internet.



 
 
 

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