O problema não é físico, e sim social.
- Jaqueline Ferreira
- 4 de set. de 2017
- 2 min de leitura
A situação da Cracolândia, localizada no centro de São Paulo, tomou uma proporção bastante preocupante, causando prejuízos a moradores, comerciantes, pessoas próximas da região. No local houve assaltos, roubos, mortes, violência de todo tipo. Já estava mais do que na hora de serem feitas ações de políticas públicas e de amparo, para reverter essa situação sem mais possíveis prejuízos.
Mas não foi bem isso que aconteceu, a atuação da polícia civil e militar na região da Cracolândia, no domingo, 21 de maio de 2017, se deu de forma violenta. Os usuários de drogas foram se dispersando, entrando em estabelecimentos comerciais, trazendo mais prejuízos e fazendo outras vítimas. Esse despreparo da polícia é questionado também em outros conflitos, o uso do poder, agredindo cidadãos que deveriam proteger.
Tanto no caso da Cracolândia como a ação da polícia, há danos irrecuperáveis, o cenário era de guerra. Em relação à operação alguns apoiam e outros são contra. Mas o que está em jogo ali são vidas, e pela forma de como muitas pessoas foram retiradas daquele local foi violenta, não foi levado em consideração a fragilidade de alguns, e que nem todos são usuários e traficantes, mas nem por isso a violência é justificada.
O uso de drogas somado à pobreza leva o indivíduo a cometer crimes para alimentar o seu vício, era o que acontecia com frequência na Cracolândia. A partir disso há um questionamento a ser feito, se essas pessoas que se encontravam na Cracolândia tiveram/tem oportunidade de reverter a situação? Existem políticas de inclusão? De amparo? Essas pessoas têm algum tipo de atendimento?
As pessoas que se encontravam lá tem família, tem vida ou foram abandonadas pela família, e isso parece foi ignorado. As condições em que eles vivem também reflete no comportamento. O usuário de drogas e o morador de rua passam por preconceito, se tornam invisíveis diante muitos olhos, inclusive dos governantes. E é dessa forma que contribuímos com a situação em que se encontram.
Não é porque eles são usuários de drogas e/ou moradores de rua que eles não tem o direito de serem tratados com respeito. Os direitos humanos são entendidos como para “defender bandido”, mas ao contrário desse pensamento servem para garantir esse direito, que é ser tratado com respeito. Se formos pensar que alguém deve morrer por ter feito algo que julgamos errado, pensamos do mesmo jeito que essa pessoa que tanto condenamos, como nos casos de mortes por reagir a assalto.
Há um certo descontrole no pós esvaziamento da Cracolândia resultando em prejuízos, não tendo tanta eficácia na ação, porque os usuários de encontram ainda em ruas, causando medo nas pessoas. É perceptível que não houve um bom planejamento na ação. O problema não se resumo só a Cracolândia.
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