Sala de Espera
- Amanda Paiva
- 4 de set. de 2017
- 2 min de leitura
Era uma manhã ensolarada de sexta-feira, tudo dentro da normalidade na vida de Tatiana, não fosse a entrevista de emprego que aconteceria em instantes.
Como de costume, acordou às 6h30, correu para tomar um banho rápido. Claro! Estava sempre com pressa! Outro detalhe importante: ainda não tinha se acostumado com a água gelada que vinha do poço. A condição financeira não permitia mais sustentar um chuveiro elétrico. E pior do que ter que acordar cedo, era se enfiar embaixo da água que mais parecia ter acabado de sair do congelador.
Café rápido. Suco e torradas. Opa. Geleia ou manteiga? Hoje é geleia. E de amora. Era necessário adoçar a vida.
Uns passos rápidos. Pega a bolsa, as chaves e o currículo. Hoje era um grande dia.
Tatiana saiu de casa e ficou imaginando rotas que poderia fazer para não pegar tanto trânsito até o local que deveria fazer a entrevista. Optou pela beira-mar. Pelo horário, poucas pessoas estariam passando por lá àquela hora. O relógio, então, marcava 7h20.
“Nossa, acho que demorei demais para escolher o que vestir”, constatou.
Ainda bem que valera a pena.
No caminho a moça ficou refletindo em como a sua vida melhoraria caso fosse escolhida para a vaga. Sem dúvidas, não poderia perder a oportunidade.
Passou e repassou por várias vezes sua extensa formação na cabeça enquanto dirigia.
“Vai dar tudo certo”, admitiu otimista.
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Na sala de espera
Tudo parecia ter vida naquela sala. As coisas faziam mais barulho do que o normal. Teria Tatiana uma audição aguçada? Ou era o nervosismo? E o que falar da ansiedade?
Talvez os objetos tivessem personificados mesmo: o papel, o teclado, o computador, o mouse, o carimbo, a caneta...
Tudo aquilo fazia um som estrondoso.
Ela olhava os concorrentes ao lado e só conseguia pensar em um motivo que a fizesse melhor que todos os outros. Mas a dificuldade era maior que tudo isso, era preciso lutar contra as borboletas no estômago. Era preciso lembrar de todas as sessões de terapia com a psicóloga para curar o nervosismo e a ansiedade que já tinham virado doença.
Afinal, como viver nos dias atuais? Uma corrida interminável por um lugar ao sol, e esse sol era o mercado de trabalho.
Talvez todos os traumas, problemas e depressões fossem curados com a obtenção do emprego. Talvez eles nem existissem não fossem a atual situação de Tatiana, uma luta diária por seu sustento.
Até que, ao fundo, uma voz masculina, nem tão rouca, nem tão suave, fala:
- Tatiana, sua vez...
Havia chegado a hora. Ela cruzou a porta e ao entrar, viu nisso a chance de mudar de vida. E a agarrou! A chance. A entrevista. A oportunidade.
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Na Segunda-feira, por volta das 9h30 da manhã, o telefone toca.
- Tatiana, a vaga é sua.
Era isso. Tatiana também havia agarrado a vaga.
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