O AUXÍLIO DA TECNOLOGIA NOS MEIOS DE TRANSPORTES NA CIDADE DE MACAPÁ

Atualmente basta um celular com dados móveis para solicitar qualquer serviço de locomoção

Com o aumento populacional na cidade de Macapá é crescente o número de veículos trafegando pelas ruas. As pessoas precisam ir e vir de seus locais de trabalho, estudo, lazer e em muitos casos, optam por um meio de transporte que lhes dê mais comodidade.

A chegada de novos meios de transportes alternativos em Macapá, e o avanço da tecnologia fez com que fossem oferecidos novos serviços para que as pessoas possam se locomover com mais praticidade. Um exemplo disso é o serviço de Uber, que chegou na capital amapaense em junho de 2017, trazendo polêmicas e dividindo opiniões entre os prós e contras desse serviço.

O serviço de Uber pode ser solicitado através de um aplicativo baixado no celular e é semelhante ao táxi tradicional, conhecido popularmente como serviço de "carona remunerada". A diferença entre os serviços oferecidos por Uber e táxis é principalmente na tarifa.

“São notórias as diferenças que tem entre Uber e táxi. Pelo aplicativo, a gente conseguir chamar um carro, conseguir ver ele chegando, ver o nosso trajeto, saber o valor antes... É uma coisa incrível! Essa pra mim é uma diferença enorme. Eu acho que esse meio de transporte vai dar certo sim, pela quantidade de motoristas que está crescendo, as pessoas estão comentando mais e isso traz uma credibilidade ao aplicativo e uma visibilidade maior para que mais pessoas comecem a usar e trabalhar mesmo nesse ramo”, conta o assistente administrativo, Arthur Benasuly, usuário do novo meio de transporte.

Ainda de acordo com o assistente administrativo, Artur Benassuly, os principais benefícios ao fazer uma viagem no Uber é a praticidade: “Chamar um carro para fazer a viagem e também a facilidade que a gente tem de pagar de várias formas, pode ser no cartão ou em dinheiro e o atendimento é excelente”, explica.

Para o estudante de Licenciatura em Informática do Instituto Federal do Amapá (Ifap), Fabrício Madureira, o principal benefício do Uber é a questão do preço e da atenção que o motorista oferece aos passageiros: “o motorista de Uber é mais atencioso e educado que o de táxi, mas também depende, porque isso não tem a ver com o serviço, tem a ver com as pessoas que prestam o serviço. Então pode haver motorista de Uber que é atencioso e que atende bem, mas também pode existir motorista mal-educado, assim como existem taxistas que são educados e prestativos, que conversam com o passageiro, então eu acho que a principal diferença é o preço mesmo”, afirma o estudante.

A empresa Uber, que chegou recentemente a cidade de Macapá, não quis se pronunciar. Porém, apesar de muitos não concordarem, possibilitou geração de emprego e renda a alguns amapaenses. Como o caso de Jefferson Fernandes, de 26 anos, que agora está trabalhando como motorista de Uber. No caso de Jefferson, o Uber veio contribuir como uma fonte de renda extra: “Eu faço em média de 11 a 15 corridas por dia, mas tem motoristas que fazem bem mais. Tem gente que faz 25 a 30 corridas em apenas um dia. Há pessoas que estão todo dia, toda hora trabalhando com a Uber, de manhã, de tarde e à noite”, explica o motorista.

O motorista de Uber, Marinelson Silva, de 31 anos, relata que o Uber está funcionando muito bem dentro da cidade de Macapá: “Na minha opinião a chegada do Uber aqui causou uma revolta para os taxistas simplesmente pelo preço que a plataforma Uber cobra por quilometro, já os taxistas o preço é exageradamente alto”, opinou.

De acordo com o diretor da Companhia de Trânsito e Transportes de Macapá (Ctmac), Emerson Real, informa que o serviço do Uber é irregular na capital, pois para transportar pessoas e bens é necessário estar cadastrado junto à companhia. “Hoje, aqui em Macapá, existem cerca de novecentos taxistas considerados legais, que são devidamente cadastrados, qualquer outro tipo de transporte de pessoas e bens que não estiver cadastrado na Ctmac é considerado como irregular, aí os condutores estão sujeitos as penalidades, como é o caso desse tipo de transporte que o veículo é acionado através de aplicativos, e também o caso das lotações”, explica o diretor.

Diante disso, mais usuários expressam suas opiniões a respeito do assunto, como é o caso da universitária Jéssica Melo que não concorda com a proibição do serviço na cidade: “A Ctmac não deveria proibir esse tipo de serviço, inclusive em todo estado que a Uber chega causa esse reboliço, mas eles não podem fazer nada porque o Uber é um serviço de transporte privado, como se eu tivesse um motorista particular que vem quando eu chamo, é um aplicativo, mas eles não podem interferir nisso, pois a Uber é uma empresa e essas pessoas que se cadastram trabalham para a Uber, então eles não podem proibir as pessoas de trabalharem”, relata a estudante.

Serviços de Táxi

Antônio Carlos Moura, mais conhecido como Carlão, de 47 anos, já exerce a profissão de taxista há nove anos. Assim como outros taxistas, também não concorda com a chegada do Uber a cidade de Macapá. Sua principal reclamação é que o serviço por aplicativo não paga qualquer tipo de imposto ao município. “Ele não deixa contribuição nenhuma dentro do Estado e nem do município. Ele chega para tirar os direitos que nós lutamos para conseguir, direitos esses adquiridos por lei. Então ele chega para levar o dinheiro do Estado e Município que vai para fora do Brasil. Eu sou totalmente contra o Uber”, esclarece.

O estudante de direito, Dean Carlos Souza, já utiliza os serviços de táxi há três anos e meio e conta que um dos principais benefícios desse serviço é não utilizar o transporte público: “Eu possuo no meu smartphone um aplicativo chamado 99 taxi, do qual eu solicito o taxi por lá, como eu utilizo bastante ganho uma porcentagem de desconto, que varia de 10 a 15% em uma corrida. Um desconto bom. O grande problema dos taxistas é a falta de troco, como eu utilizo para ir para a faculdade logo de manhã eles nunca tem troco suficiente, aí para destrocar o dinheiro e pela locomoção de ir destrocar em uma padaria, ou outro lugar, eles me cobram ainda por estar se locomovendo por um serviço que deveria ter encerrado no meu local de destino”, reclama o estudante.

Fabrício Madureira, que tem o pai taxista, é a favor da chegada do Uber. “Sobre proibir para que rodem somente os taxistas, eu sou contra. Nós queremos um serviço que tenha mais a oferecer no atendimento, não só de valor, então com a chega da Uber aqui teve muita gente que se espertou. Sou contra a Ctmac proibir e acho que a chegada desse serviço estimula as pessoas a melhorarem o serviço. Quem ganha com isso é a população”, defende.

Os Mototaxistas

Apesar da comodidade em pagar pelos serviços de táxi, nem todos têm condições de utilizar esses serviços por conta do valor e acabam optando por mototáxis. De acordo com o diretor de transportes da Ctmac, Emerson Real, atualmente existem cerca de dois mil e cinco mototaxistas cadastrados junto à companhia de trânsito e que tem autorização para transportar pessoas e bens, segundo ele, o mototaxista passa por uma série de avaliações para que seja legalizado: “O mototaxista deve passar pelo nosso setor na Ctmac e fazer um cadastro. Nesse cadastramento ocorre uma série de exigências, o condutor deve apresentar a CNH, curso de mototaxista, certidões negativas da Justiça Federal e Estadual. A moto passará pelo nosso setor de vistoria, onde será feita uma avaliação minuciosa”, explicou.

Em meio a tanta concorrência, fora os não cadastrados, o mototaxista Kairo Ribeiro, de 31 anos, resolveu inovar e usar as redes sociais para se destacar dos demais. Kairo já é mototaxista há cinco anos e está nessa profissão para pagar sua faculdade no curso de direito. Com o uso frequente das redes sociais, começou a atrair uma clientela fiel. “Comecei a pesquisar sobre o que está crescendo nas redes sociais e descobri que o Marketing digital é uma ferramenta que está sendo muito usada, no facebook, twitter e instagram. São ferramentas que estão muito acessíveis a qualquer tipo de pessoa, basta ter um celular e dados móveis e ela consegue fazer esse trabalho”, explica como começou a utilizar as redes sociais para divulgar seu trabalho.

Kairo conta que começou a fazer a divulgação de seus serviços em seu facebook pessoal, mas logo teve que criar uma página na própria rede: “Comecei a fazer essa divulgação de forma muito intimista no meu facebook, comecei a fazer algumas publicações, algumas postagens e as pessoas gostaram e foram compartilhando, até que chegou a um ponto que eu tive que criar a página do Kairo Mototaxi pra poder atender e pra poder dar atenção a todo mundo”, disse.

O próprio mototaxista é o autor de suas postagens, o próprio tem ideias e faz a edição. Seu faturamento dobrou após o uso das redes. Suas corridas passaram a ser agendadas, fazendo que não tivesse mais que rodar pela cidade em busca de clientes: “Quem cria todos os meus memes sou eu. Eu que tenho as ideias e faço a edição. Hoje em dia eu posso dizer que meu faturamento dobrou e tem a questão também de eu não precisar mais ficar rodando muito porque todas as corridas já são agendadas às vezes com um mês, dois meses de antecedência”. Para ele, a vida melhorou bastante, depois de realizar suas publicações e o seu principal objetivo é atender da melhor maneira possível seus clientes: “Então isso melhorou muito, muito mesmo a minha vida! Estou conseguindo sanar algumas contas que estavam atrasadas, mas eu sempre penso que embora eu esteja ganhando, eu sempre tenho que pensar nos clientes, e neles, pensando sempre neles. Eu sempre tento oferecer algo bom pra poder fidelizar o cliente”, explicou.

A estudante de administração Inara Mylena é uma das clientes do Kairo moto-táxi e conheceu seus serviços através das redes sociais e conta que o serviço dele é muito diferenciado: “Ele é muito carismático, conversa com as pessoas, ele pergunta, e tudo faz com que seja melhor, porque geralmente nós pegamos mototáxi e eles não chegam a dar um atendimento privilegiado assim, e eu acho a divulgação dele maravilhosa, ele faz jus ao que diz, ao que ele quer”, relata Inara.